
Uma vida colorida
Essência de luz e cor
Toda a alegria sentida
Na plenitude do amor
Minha História
Nilda Luz Pinto Miranda nasceu na cidade de São Paulo em janeiro de 1936. Filha de pais portugueses, empresários na área de alimentação, teve uma infância e adolescência tranquila e confortável. Introspectiva, desde cedo mostrava sua aptidão artística através da leitura e do desenho, transcrevendo e ilustrando os textos que mais lhe impressionavam. Para distrair-se costumava esboçar sobre papel o que via à sua frente e lhe despertava a atenção. Era divertido. Ainda jovem, sob a orientação do professor Amletto Samarcco, iniciou a pintura a óleo e com a Professora Colette Pujol descobriu a aquarela e o pastel oleoso. Em 1953 passou a frequentar os cursos do Museu de Arte de São Paulo, então na rua Sete de Abril, recém fundado por Assis Chateaubriand. Na ocasião, ainda muito jovem, teve a oportunidade de conviver com expoentes figuras da arte brasileira de vanguarda aproveitando seus ensinamentos nos vários cursos ali ministrados. Depois de muito esboço com carvãozinho tendo como modelo as esculturas do museu, passou ao modelo vivo. Interessada, passou também à participar das seções de modelo vivo no Liceu de Artes na Pinacoteca de São Paulo e na Academia Paulista de Belas Artes. Essa atividade era-lhe gratificante, porém não bastava. Descobrira, entre tantas obras de valor expostas no museu, a importância maior da força de expressão e da criatividade na realização de um trabalho. Sentia-se pequena e precisava crescer. Tentando aprimorar sua técnica e encontrar seu estilo, buscava novos conhecimentos em ateliers de artistas conhecidos. Este trânsito pelo ensino acadêmico da arte proporcionou-lhe uma segurança maior e a certeza do que queria como realização de vida e como profissão. Era preciso continuar. Depois de casada e com três filhos, já com a rotina doméstica estabilizada, passou a frequentar o atelier do pintor Djalma Urban e, trocando experiências, ao lado de outros artistas, retomou suas atividades sob um olhar mais profissional. Em sua oficina de pintura, manteve uma intensa produção de obras seguindo a tendência figurativa da época, a qual valorizava os temas de casarios, marinhas, paisagens campestres e figuras. Participando, nesse ínterim, de inúmeras exposições coletivas oficiais, tanto em São Paulo como em outras cidades, obteve várias premiações. Na continuidade, criou o atelier "ARTE333" procurando transmitir, principalmente às crianças e aos jovens, os conhecimentos adquiridos e, para incentiva-los promovia exposições anuais que organizava entre seus alunos. No final de 1981 Nilda Luz foi convidada a participar da exposição "Encontro da Artes", ao lado do escultor Deodato e do fotografo Moises Gurovich, organizado em comemoração aos 80 anos do Clube Espéria em São Paulo, com grande sucesso. Na ocasião o país vivenciava uma grave crise política e financeira que veio abalar grande parte da população. Sentindo a necessidade de tomar alguma atitude em face dessa situação e da dificuldade feminina em cooperar no orçamento doméstico, Nilda Luz instalou um atelier maior em um acessível ponto comercial, visando partilhar sua arte e ao mesmo tempo possibilitar a venda dos trabalhos executados pelas alunas do curso. Assim, da noite para o dia, na Avenida Braz Leme, local nobre da zona norte da cidade, um grande letreiro pintado em rosa choque sob o toldo branco que protegia a fachada da antiga casa, anunciava a nova oficina de artes manuais aberta ao público em geral: ARTE LAZER, ARTE FAZER, ARTE VENDER. Para ampliar o leque de opções foram criados dez cursos diferenciados, ministrados por competentes orientadores. Além de pintura em tela e arte infantil, foram introduzidos, os cursos de desenho publicitário, decoração de interiores, cerâmica, pintura em porcelana, artesanato variado e até, já entrando na área de alimentação, a orientação sobre alimentos congelados e a fabricação de bombons caseiros. Em 1982, Nilda Luz foi convidada pelo padre João, Pároco da comunidade católica do bairro, a executar a representação da Via Sacra para a inauguração da nova igreja. Essa obra, composta de 15 telas pintadas a óleo, compõe o acervo permanente da Igreja Nossa Senhora da Consolata, no Jardim São Bento. Em 1984, a Praça da República em São Paulo representava, então, o grande centro de arte popular da cidade. Recebendo visitantes de todos os lugares do mundo, que ali adquiriam, tanto os quadros de temas brasileiros, especialmente apreciados pelos turistas, como os de outros temas e estilos, valorizados por galerias de arte que ali buscavam por novos talentos, permitia uma maior divulgação da arte e do artesanato brasileiro. Em vista do movimento acelerado que ocorria na praça, a Paulistur, órgão da época dirigido ao turismo paulista, visando reorganizar os espaços abriu inscrições para selecionar os novos artistas da Praça. A prova seletiva para os candidatos a uma vaga na praça foi realizada no prédio da Bienal no Parque Ibirapuera, contando com a participação de cerca de 5.000 artistas. Entre eles Nilda Luz, com um representativo quadro de tema rural obteve o segundo lugar do concurso. Convidada a escolher o ponto de venda mais conveniente da praça, em razão da alta classificação, instalou-se na esquina da praça, onde passou a expor seus trabalhos todos os domingos, conforme o regulamento exigido. Foi um período profícuo. Como num passe de mágica, vendia regularmente um grande número de obras, tanto para os turistas, quanto para as galerias locais. No início, em razão da grande quantidade de quadros que mantinha em seu acervo, conseguia facilmente prover as vendas efetuadas, porém, com a continuidade, as obras foram se esgotando e ela viu-se forçada a pintar por produção, automaticamente, cinco a seis quadros por semana, isto não lhe agradava. Assim, Nilda deixou de ir à praça e voltou a pintar pelo simples prazer que a arte sempre lhe proporcionou. Entretanto, a oficina ARTE LAZER, essa sim, um empreendimento baseado na arte manual, continuava crescendo. Mantendo um quadro de 10 instrutores para as atividades proporcionadas, conseguia atender cerca de 200 alunos, favorecendo um grande número de pessoas com novas opções de mercado. Esse período foi muito importante financeiramente, porém, exigiu um certo desprendimento quanto aos objetivos pessoais da artista que, somente após ter sua vida pessoal reorganizada, pode retornar aos seus antigos ideais e concretizar os novos. Aproveitando breves hiatos em sua vida profissional, Nilda Luz teve a oportunidade de viajar e conhecer vários países da Europa, além de Marrocos, Israel, os Estados Unidos e alguns países da América do Sul. No Brasil, visitou algumas das principais regiões e capitais brasileiras. Mais experiente, retomando suas atividades com nova visão e movida pelo crescente desenvolvimento da arte contemporânea, aventurou-se por uma pintura mais livre, agora usando a tinta acrílica. Com a continuidade no trabalho percebeu a qualidade e a grande versatilidade desse material, incorporando-o definitivamente ao seu cotidiano artístico. Assim, unindo a espontânea abstração da pintura com os traços fortes de seu figurativismo, veio dar uma nova expressão a seu trabalho, marcando-o com seu estilo pessoal. Em 1994 Nilda Luz foi convidada pela ABRESI a participar do projeto que visava o reconhecimento oficial da cidade de São Paulo como uma grande capital gastronômica, e a elaborar o livro que documentaria esse fato. Após três anos de muita pesquisa em consulados e em restaurantes da cidade, ao lado da equipe da ABRESI, o livro "Volta ao Mundo da Gastronomia na Cidade de São Paulo", lançado pela entidade como um documento, veio comprovar a grande diversidade da cozinha internacional em São Paulo, marcada pelas mãos de imigrantes de 50 países que fizeram a diferença e enriqueceram sobremaneira a gastronomia paulistana. Em setembro de 1997, durante o 10.CIHAT - Congresso Internacional de Hospedagem, Gastronomia e Turismo, um grande evento realizado no Memorial da América Latina com a presença ilustre de várias personalidades públicas e da área gastronômica, o então governador de São Paulo, saudoso Mario Covas, entregou ao prefeito da cidade o importante diploma que homologou à capital paulista o merecido título de "Capital Mundial da Gastronomia", equiparando-a ao nível de outras seletas cidades gastronômicas internacionais, finalizando em grande estilo o ousado projeto da ABRESI. O livro "Volta ao Mundo da Gastronomia da Cidade de São Paulo", elaborado com pesquisas, textos e ilustrações de Nilda Luz, foi selecionado em um concurso internacional e premiado em Madri, em 1998, como a melhor publicação do ano, desse gênero. Em seguida, após receber pessoalmente o honroso troféu, Nilda Luz em visita à Itália pode colher material para a realização da obra "Itália Romântica", composta por 10 telas de grande porte pintadas a óleo. Esse trabalho compõe o acervo permanente do restaurante Villa Távola, valorizando a decoração deste grande complexo gastronômico do Bixiga, tradicional bairro paulistano. Na continuidade Nilda Luz realiza outras mostras individuais, entre elas: a "Volta ao Mundo" com as ilustrações do livro do mesmo nome, depois, a exposição "Cores em Flores" em Campos do Jordão, e em seguida expõe a coleção "Memória Árabe" em São Paulo. Enfim, durante o ano de 2002, como apaixonada cidadã paulistana, Nilda Luz, retrata com seu olhar e sua pintura marcante alguns pontos emblemáticos de sua cidade natal, produzindo um de seus mais queridos projetos: a "Coleção Olhar São Paulo". Em 2004, por ocasião das festividades do aniversário da cidade de São Paulo, convidada pelo secretário da Cultura do Estado, Dr. Marcos Mendonça, teve a oportunidade de expor sua obra " Olhar São Paulo" na Galeria de Arte do Complexo Cultural Júlio Prestes que, posteriormente foi também exposta na Assembleia Legislativa do Estado e na Câmara Municipal do Estado. Em dezembro do mesmo ano, agora intitulada "São Paulo no Planalto", a mesma obra teve sua exposição realizada na Esplanada dos Ministérios, na Sala Guimarães Rosa do Complexo Cultural do Minc, em Brasília, contando com a visita de ilustres participantes da vida pública nacional. Posteriormente, complementando esse trabalho urbano, Nilda Luz escreveu os textos que vieram a compor o livro do mesmo título das exposições de arte "Olhar São Paulo", onde, ligando o desenvolvimento arquitetônico ao sócio cultural, vem relembrar alguns tópicos históricos da cidade desde sua fundação até os dias atuais. Este trabalho teve uma pré-lançamento realizada no Pátio do Colégio com a ilustre presença do Governador de São Paulo, Sr. Geraldo Alckmin, entre outras personalidades políticas e culturais. Na ocasião a ABRESI fez a doação de sua tela "Fundação da Cidade" ao Museu Anchieta do Pátio do Colégio, onde se encontra exposta. Continuando nessa linha de trabalho e procurando ressaltar não só a cultura paulistana mas também a brasileira em geral, Nilda Luz lançou posteriormente o livro "Brasil, Turismo Gastronômico", que sintetiza o desenvolvimento da cozinha brasileira com seus textos e suas ilustrações. Em seguida, Nilda Luz em seu mais recente livro, "Brasil, Campeão de Copa e Cozinha", enaltece a riqueza do turismo e da culinária brasileira em todas suas regiões e fornece ainda as 100 mais emblemáticas receitas da culinária brasileira. Este livro, projeto da Abresi, teve o patrocínio da Ticket e da Ambev e foi lançado na Livraria Cultura de São Paulo. Após sua divulgação, o livro "Brasil, Campeão de Copa e Cozinha" recebeu o "Prix Litterature Gastronomique 2016" da Academie Internationale de La Gastronomie sob as indicações da Academia Brasileira de Gastronomia, colocando em relevo o trabalho versátil da apaixonada artista e escritora.